A polícia Civil deteve três pessoas envolvidas no latrocínio do comerciante chinês Weming Li, de 48 anos, ocorrido no dia 10 de julho, no bairro Parque Residencial Laranjeiras, na Serra. O Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic) concluiu as investigações, no último dia 9, identificando nove suspeitos; cinco envolvidos no latrocínio e quatro pelo roubo de dinheiro da conta da vítima. Entre os envolvidos está uma ex gerente de banco.
Os envolvidos no latrocínio são: José Carlos (Zezinho, informante); Yonan Bonfim (Bino, mentor intelectual); Davi Santos (motorista); Daniel Jokta (executor do crime e quem atirou) e Carlos Jokta (executor do crime). O ‘Bino’ já tem passagem por porte e receptação de arma e agora tem por sequestro.
O chefe do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic), delegado Gabriel Monteiro, informou que o comerciante chinês era muito querido da região e após a sua morte, teve uma movimentação bancária. Com isso foi identificado o indivíduo que recebeu o dinheiro.
“A princípio achamos que tinha participação no crime, mas quando o interrogamos, e com outras provas, descobrimos que era um hacker com acesso a deepweb. Ele pesquisava certidões de óbito com Cadastro de Pessoa Física (CPF) e onde o falecido tinha conta. Depois disso, se associou com uma gerente de bando que já trabalhava há oito anos. Essa pessoa tinha conhecimento e conseguiu criar um cartão e instalar internet bank no celular do autor intelectual. A partir daí conseguiram fazer movimentações de cerca de 600 mil reais”, relatou.
O mentor intelectual, Yonan Bonfim (Bino), foi preso e a gerente de banco, com mais dois integrantes que lavaram o dinheiro, já foram qualificados, e serão indiciados pelo crime de lavagem de dinheiro, associação criminosa e furto qualificado. A gerente vai responder pelo crime de violação de sigilo funcional e os outros crimes. De acordo com o delegado, ela não recebeu os R$ 150 mil porque a polícia descobriu o golpe.
A movimentação bancária era feita em nome do falecido comerciante. “A conta estava no nome do chines, que continha todas as senhas, o limite do cartão foi aumentado para fazer as transações sem serem notados. A família já estava sofrendo muito por ter perdido o familiar e ainda teve seu patrimônio lapidado. Esse crime de acesso a darkweb já foi divulgado com relação a crimes de exploração sexual infantil e agora estamos lidando com essa situação. Esperamos que dando publicidade a esse caso, poderemos saber que outras pessoas podem ter sido vitimas”.
O delegado afirma ainda que todos confessaram a participação e já foram indiciados.
Investigação criteriosa
O Chefe da Divisão Patrimonial (DRCCP) e, titular da Delegacia de Segurança Patrominial (DSP), Gianno Trindade, destaca que a investigação foi longa e criteriosa. Durante as investigações, que duraram quatro meses, descobriram que se trata de uma quadrilha baiana, especializada em sequestros relâmpagos, que veio ao Estado justamente para sequestrar o chinês.
“Chegamos a essa conclusão após interrogá-los. A intenção deles era colocar a vítima dentro do carro e depois extorquir para fazer transferências via pix para o mentor intelectual, que hoje sabemos que é o Bino, que é responsável por outro crime, realizado em Aracruz, onde a vítima, uma mulher, chegou a ficar em cárcere privado”.
Trindade destaca ainda que as imagens de videomonitoramento ajudaram muito. Foi levantado o máximo de imagens de videomonitoramento e foi encontrada a que pega a cena da morte da vítima.
“Conseguimos rastrear o carro que, após o crime, retornou para Itabuna, Bahia. Entramos em contato com a Delegacia de Crimes Patrimoniais de Itabuna, conseguimos levantar quem estava na posse do carro no dia da morte de Weming Li, pedimos a prisão e uma equipe do Deic, na primeira fase da operação Pequim. Conseguimos prender o motorista no dia 16 de agosto, trouxemos o motorista preso para o estado e chegamos a outros elementos para finalizar o caso”.
As investigações foram divididas em três etapas, à medida que descobriam integrantes da quadrilha, era pedido a prisão ao judiciário e feito as buscas.
A quadrilha chegou ao estado sabendo toda rotina do comerciante. Isso foi possível porque uma pessoa próxima descreveu tudo. Segundo Gianno, um funcionário de uma pastelaria, identificado como José Carlos, que pertence ao primo da vitima e conhecia a rotina, era vizinho dos executores e do mentor intelectual em Feu Rosa, a Serra, e passou as informações. Ele detalhou que o comerciante saia com malotes de dinheiro e que seria um alvo fácil. O funcionário da pastelaria, continuou trabalhando normalmente e foi o último membro a ser identificado e foi preso no local de trabalho.
Fonte: ES HOJE